quarta-feira, 16 de setembro de 2009

BIBLIOGRAFIA ESPECIALIZADA

Há mais de 200 anos os arabismos constituem tema de investigação. São apresentados, aqui, abreviadamente, alguns autores e obras, organizados conforme configurem textos clássicos, contemporâneos, estrangeiros ou nacionais.

1. Obras Clássicas:
a) Vestígios da Lingua Arabica em Portugal ou Lexikon Etymologico das Palavras e Nomes Portuguezes, que Tem Origem Arabica, publicada em 1789 por Fr. João de Sousa, com segunda edição realizada por José de Santo Antônio Moura em 1830;
b) Cousas arábico-Portuguesas: Algumas Etimologias e Alguns Vocábulos Portugueses de Natureza Religiosa de David Lopes;
c) Dictionnaire des Mots Espagnols et Portugais Derivés de l’Arabe, publicada pelo arabista holandês W. H. Engelmann em 1861, com segunda edição ampliada publicada por Reinhart Dozy;
d) Glosario Etimológico de las Palabras Españolas de Origen Oriental, de Leopoldo de Eguílaz y Yanguas, publicado em 1886 e reeditado em 1974;
e) Ensaios Arábico-Portugueses de José Pedro Machado (1997);
f) Influência arábica no vocabulário português, também de José Pedro Machado (1950, v. 1);
g) Influências Orientais na Língua Portuguesa de Miguel Nimer, originalmente publicada em 1943 (tomo I) e 1944 (tomo II).

Mencione-se, ainda, por freqüentemente serem citadas em pesquisas sobre arabismos, a Arte para Ligeramente saber la lengua arauiga e o Vocabulista Arauigo en Letra Castellana, sobre a língua árabe de Granada, publicadas em volume único em Granada, em 1505, pelo Frei Pedro de Alcalá, com o intuito de otimizar a aprendizagem do árabe por padres envolvidos na catequese de cristãos-novos.

2. Obras Recentes:
a) Diccionario de arabismos y voces afines em iberorromance, de 1999 com segunda edição de 2003. Esta é atualmente a mais importante obra da Filologia Árabo-Românica;
b) Des Premiers Dictionnaires (Jeronimo Cardoso) aux Textes: L’Apport Lexical des Arabismes dans la Langue Portugaise du XVIe Siècle, tese de doutoramento de Myriam Benarroch, defendida em 2000 na França;
c) Iberoromanische Arabismen im Bereich Urbanismus und Wohn Kultur: Sprachliche und kulturhistorische Untersuchungen, tese de doutorado de Yvonne Kiegel-Keicher, foi publicada em janeiro de 2005
d) Arabismos: Uma Mini-Enciclopédia do Mundo Árabe, de Rubem Franca (1994);
e) Dicionário de Termos Árabes da Língua Portuguesa, de Júlio Doin Vieira (2006);
f) Léxico Português de Origem Árabe: Subsídios para os Estudos de Filologia, de João Baptista de Medeiros Vargens (2007).

3. Arabismos de domínios não-ibéricos:
Os arabismos em outros domínios voltaram a ser investigados, como demonstra a obra de Majid El Houssi, Les Arabismes dans la Langue Française (2002), além de teses e artigos com o propósito de revisar verbetes de arabismos de dicionários de grande porte, a exemplo da tese de doutorado de Mostafa Ammadi, sobre arabismos no Diccionario de la Real Academia Española, e os artigos da pesquisadora recentemente falecida Françoise Quinsat, sobre os arabismos na versão eletrônica do Trésor de la Langue Française.
No âmbito das línguas germânicas, uma tese de Doutorado, defendida em 1994 na Universidade de Heidelberg por Raja Tazi, Die Arabismen im Deutschen: lexikalische Interferenzen vom Arabischen ins Deutsche, descreve 200 arabismos alemães de uso comum, dos cerca de 350 previstos para esta língua. O trabalho contextualiza sócio-historicamente a aquisição dos empréstimos pelo alemão e fala dos idiomas que intermediaram o processo.

4. Arabismos no Português Brasileiro:
Uma minuciosa descrição do contato entre árabes e africanos, a islamização/arabização da África e o uso de arabismos por afro-muçulmanos à época da escravidão no Brasil foi feita por Faris Antônio S. Michaele em Arabismos entre os Africanos na Bahia, obra publicada em Curituba, pela editora Requião, em 1968.
Desconhecemos estudos sobre o influxo lexical árabe no português brasileiro em decorrência da imigração mais recente, com predominância de imigrantes muçulmanos. A literatura especializada registra o legado da primeira fase de imigração, sírio-libanesa e majoritariamente cristã, cuja herança lexical é restrita ao campo semântico da culinária.

2 comentários:

  1. Sam, seu blog está lindo!!!!!!!!!!!!!!
    Parabéns!!!!!!
    Um beijão
    Celina Abbade (descendente de libanês)

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  2. Cara Profa. Samantha

    Navegando pela web em busca de arabismos dei com seu blog...Não sei se ainda se recorda de mim: sou de Maceió e nos encontramos no GELNE, depois trocamos e-mails por algum tempo (meu computador sofreu um "pânico" e perdi todos os dados; só agora percebi que poderia ter recuperado seu endereço via Lattes). Bem, continuo aqui em Maceió e interessado nos arabismos. Parabéns pelo belo blog e as utilissimas informações nele presentes. Salam! Murilo Alves (professor.mca@gmail.com; muriale@ig.com.br)

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Apresentação

Este blog foi criado para compartilhar informações acerca das conseqüências do contato entre as línguas árabe e portuguesa verificado em 03 contextos específicos: a Península Ibérica medieval, o Brasil escravagista e o Brasil da imigração.
A este tema se dedica a autora deste 1992, quando se apaixonou pelo assunto ao preparar o trabalho de conclusão da disciplina Filologia Românica II (sobre o domínio lingüístico ibérico) na graduação em Letras na Universidade Federal da Bahia.
O referido trabalho, sobre o vocábulo azulejo, descortinou um mundo aparentemente perdido, europeu e medieval, mas que, em verdade, continua vivo no Português Brasileiro, nos arabismos transplantados com o Português Europeu, aos quais se juntaram outros, adquiridos já na Terra Brasilis, por meio de escravos islamizados e de imigrantes arabófonos que ainda hoje chegam ao nosso país.
Os arabismos do Português Brasileiro requerem investigação pautada na etnolingüística e na sociolingüística do contato intercomunitário, complementando o que a literatura especializada já documenta, mas que se restringe aos arabismos ibéricos, mencionando, quando muito, o influxo lexical da migração sírio-libanesa no Brasil.